Seth – Novos Gingantes Franceses do Black Metal
Postado em 01/01/2022


Artista: Seth (França)
Evento: Tyrant Fest
Cidade/Estado/País: Oignies – França
Local: Le Metaphone
Data: 16 de Novembro
Ano: 2019
Produtora: Nao Noïse Productions

Depois de seis longos anos sem lançar nada inédito, tendo em vista que “The Howling Spirit”, seu último álbum, foi disponibilizado em 2013, os franceses do SETH retomaram o seu curso produtivo em 2019 com o lançamento do álbum ao vivo “Les Blessures de L’âme : XX ans de blasfeme”, dando início a uma nova e prolífica fase.

Para selar definitivamente este retorno, a produção do Tyrant Fest os confirmou para representarem a França, como um dos headliners da sua quarta edição, promovendo um set comemorativo, que previu a execução do clássico debut “Les blessures de l’âme” (1998) na íntegra.

Quando entrei no salão principal do Le Metaphone, o palco já estava todo montado para o SETH. Incrível como eles conseguem passar a real sensação que estamos em um culto! Além de um backdrop com a logo da banda, tínhamos vários castiçais com velas acesas, uma mesa ao centro com facas, crânios e taças com sangue cenográfico. Agora, alie isso tudo com máquinas de fumaça e uma iluminação impecável, que privilegiava alguns tons em vermelho, e temos um cenário perfeito para o que estava por vir.

Durante uma breve introdução conduzida pelo tecladista Heimoth, a horda foi aos poucos entrando no palco, tendo como destaque o vocalista Saint Vincent, que incorporou um verdadeiro sacerdote do caos, similar ao que Барфоломей (Batushka) e Nergal (Behemoth) fazem tão bem em seus respectivos projetos.

A partir daí o álbum “Les Blessures de L’âme” foi executado na ordem exata da sua tracklist, para deleite dos fãs mais antigos dos caras. Confesso que eu ali era um marinheiro de primeira viagem, pois não conhecia de perto o SETH, e acredito que de certa forma, para a minha maior imersão, foi melhor assim. Eu gosto de ser surpreendido, e neste caso aqui, por não esperar muita coisa, a imprevisibilidade me socou o estômago.

Para quem não conhece, o SETH bebe muito da fonte do Dimmu Borgir das fases “Stormblåst” (1996) e principalmente “Enthrone Darkness Triumphant” (1997). As semelhanças com os noruegueses é absurda, e fica muito evidente em músicas como “Hymne au Vampire (Acte I)”, “Le Cercle de La Renaissance”, “Les Silences d’Outre-Tombe” e “Dans Les Yeux du Serpent”, apenas para citar algumas. Mas então, será que este fato deprecia o som da banda?! Para alguns pode até ser, mas pelo menos para mim, preencheu uma lacuna que o próprio Dimmu Borgir me deixou, com os lançamentos dos seus álbuns mais recentes.

Outro ponto a ser levado em consideração, é que o SETH, como vocês já notaram pelos títulos das suas músicas, aposta na sua língua natal para a disseminação da sua mensagem. Como o estilo aqui é o Black Metal Sinfônico, tal opção não me causou estranheza, como acho que causaria se estivéssemos falando de uma formação Heavy ou Power Metal. Então, sendo assim, não torça seu nariz por causa deste “detalhe”.

O show seguiu com muita cênica, e interação promovidas pelo já citado vocalista Saint Vincent. O cara soube muito bem dosar sua comunicação com o público e, em shows de Black Metal, isso é muito importante. Outro ponto a ser lembrado foi a utilização de uma atriz seminua, vestida com partes de um hábito que entrou em cena na última música, “…à La Mémoire de Nos Frères”. Gesticulando bastante ao centro do palco, a moça foi prontamente banhada com sangue cenográfico pelo cantor, garantindo momentos mais blasfemos e de maior troca com a plateia. Tal ato poderia soar clichê, mas achei que combinou muito com o que o direcionamento do espetáculo se propôs desde o seu início.

Após “…à La Mémoire de Nos Frères” a banda se despediu dos seus fãs e seguidores, que não são poucos na França. Mesmo com a audiência fria como de costume durante a sua passagem on stage, deu para notar que o SETH tem um suporte muito grande no seu país, e isso é algo que os brasileiros precisam tomar como exemplo. Excelente open act para o SepticFlesh.

Setlist:

01.La Quintessence du Mal
02.Hymne au Vampire (Acte I)
03.Hymne au Vampire (Acte II) – …Vers une Nouvelle Ère
04.Le Cercle de La Renaissance
05.Les Silences d’Outre-Tombe
06.Dans Les Yeux du Serpent
07…à La Mémoire de Nos Frères

 
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