Artista: Sadist
País: Itália
Álbum: Something to Pierce
Gravadora: Agonia Records
Licenciamento: Indisponível
Versão: Compact Disc
Ano de Lançamento: 2025
Cometi um erro gritante de percepção quando peguei este “Something to Pierce”, da banda italiana Sadist. Não sei por qual razão, achei que estava diante de algum novo trabalho da chilena Sadism, a qual sou um inveterado fã desde os seus primórdios. Dito isso, fui pesquisar um pouco sobre a história desse projeto, liderado pelo músico Tommy Talamanca e que tem como proposta fundir ao Death Metal, elementos técnicos e progressivos. Então, se você já conhece os principais títulos do Death e Atheist, saberá o que temos aqui neste play.
A espinha dorsal é o Death Metal, mas os aspectos técnicos e progressivos caminham lado a lado, gerando assim uma estética interessante e que nos permite viajar na mente insana de Tommy. Não por acaso, a faixa “Deprived” tem como ponto alto um trecho significativo oriundo do Jazz, com o contrabaixo sempre em evidência. Gostei bastante dessa carga de imprevisibilidade, anexada a um segmento que já está mais do que explorado, desde os seus primeiros passos nos anos oitenta.
“Kill Devour Dissect” foi outra que ganhou a minha inteira atenção, por conta da inserção dos vocais femininos de Gloria Rossi, que simulam uma espécie de canto indígena. Novamente, algo bastante incomum, já que estamos falando de um compositor italiano e que não tem a cultura tão próxima assim dos “peles vermelhas”. Excelente adição e que não ficou nem um pouco atrás da ótima “The Sun God”, com suas referências ao legado de Chuck Schuldiner, quando nos atentamos aos seus riffs. Talvez, por me remeter ao Death, essa tenha sido a que considerei o carro-chefe do disco.
Como a regra aqui tem sido trazer o inesperado ao ouvinte, o que vocês acham de uma faixa como “The Best Part is the Brain”, que carrega consigo uma introdução com instrumentos percussivos?! Exatamente, e na sequência o Death Metal é novamente mesclado com quebras de andamentos características do Progressivo. O que tinha tudo para ser uma maçaroca desconexa, acabou se mostrando uma costura bem firme, maturada. E é justamente dentro dessa conjuntura experimental, que temos “Nove Strade” com sua passagem proeminente de música árabe, atrelada, novamente, ao uso sóbrio da percussão. Uma verdadeira aula!
O álbum ainda conta com a instrumental “Respirium”, que acaba por fornecer maiores traços de requinte à obra, com sua predileção ao neoclássico. Além dela, foram acrescidas duas bônus “Latex Hood” e “The Unsmiling Windows”. As duas não apresentam nada de novo, levando-se em consideração tudo que foi demonstrado no decorrer das dez canções anteriores. Ou seja, Death Metal com diversas inserções do Progressivo, teclados servindo como cama em momentos chave e linhas vocais que se alternam entre os guturais e os screams. Mais do mesmo, mas sempre mantendo a qualidade lá em cima.
“Something to Pierce” é um álbum excelente, complexo e que requer muita atenção quando o ouvinte se propor a degusta-lo. Talvez, as incontáveis quebras dos andamentos possam vir a cansar os menos avisados, contudo, eu realmente acredito que o fator imprevisibilidade é o que mais justifica a existência deste CD. Gostei tanto que ele me fez querer conhecer os lançamentos anteriores da Sadist, para poder entender todo o seu processo evolutivo até este 2025.
Formação:
Trevor Nadir (vocalista)
Tommy Talamanca (guitarrista e tecladista)
Tracklist:
01. Something to Pierce
02. Deprived
03. No Feast for Flies
04. Kill Devour Dissect
05. The Sun God
06. Dume Kike
07. One Shot Closer
08. The Best Part is the Brain
09. Nove Strade
10. Respirium
11. Latex Hood (bonus track)
12. The Unsmiling Windows (bonus track)
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