Artista: Dark Tranquillity
País: Suécia
Álbum: The Gallery
Gravadora: Osmose Productions
Licenciamento: Indisponível
Versão: Compact Disc
Ano de Lançamento: 1995

Os primeiros passos da banda DARK TRANQUILLITY se deram no longínquo ano de 1991, quando lançou não apenas a Demo “Trail of Life Decayed”, como também ajudou a moldar um novo segmento dentro do Metal. Sim, o que se convencionou pejorativamente a ser chamado de Melodic Death Metal (ou Death Metal de Gotemburgo), teve este quinteto como genitor e ninguém ousa questionar a paternidade da criança.

A fórmula de fundir riffs e melodias oriundas do Heavy Metal Tradicional ao Death Metal, foi aperfeiçoada nos anos seguintes com a disponibilização do álbum “Skydancer” (1993), reconduzindo quase que por completo toda a cena na Suécia. Mas foi em “The Gallery” de 1995 que a coisa toda tomou mais corpo, ascendendo o DARK TRANQUILLITY para mercados que até então eram inimagináveis. Inclusive, foi naquele mesmo ano que conheci o grupo, e fiquei impressionado com o fato de ter adquirido assinatura própria, em tão pouco tempo de carreira.

“The Gallery” foi registrado no Studio Fredman, em Gotemburgo, entre os meses de abril e maio de 1995, o que garantiu que estivesse nas lojas em novembro. Mesmo com uma distribuição limitada, conduzida pela francesa Osmose Productions, o material rapidamente foi ganhando mais e mais notoriedade, o que resultou na sua primeira turnê europeia ao lado dos americanos do Six Feet Under. Aliança esta que, infelizmente, não tive a oportunidade de conferir in loco.

“Punish My Heaven” abre o disco com a nova fórmula lançada sem dó, na nossa cara! Rápida, melodiosa, com várias referências ao Heavy e Death Metal, são algumas das características que explodem aos ouvidos, causam espanto e, talvez, até um pouco de estranheza inicial. Todavia, qualquer nariz torcido cai por terra, porque tudo é tão bem encaixado que a qualidade e ineditismo superam quaisquer problemas de adaptação do ouvinte.

A dupla de guitarristas composta pelo saudoso Fredrik Johansson e por Niklas Sundin é o fio condutor das composições, aqui apresentadas. Nada funcionaria sem o entrosamento desses dois caras! Bases consistentes, solos refinados e riffs muito bem construídos são a tônica que acompanhamos no decorrer das onze canções. A faixa título, por exemplo, é uma aula de como se escrever uma música. Complexa, ela apresenta em sua estrutura arranjos de violões, vocais femininos, referências ao flamenco e as linhas screams de Mikael Stanne passeando por toda esta salada. Tudo muito bem conectadinho, nada fora de lugar, algo realmente impressionante para os padrões da época!

“Midway Through Infinity” é outro dos destaques da obra, por possuir um andamento mais agressivo, próximo do Death/Black Metal, mas que ao mesmo tempo, incrementa muita melodia em arranjos extraídos da antiga escola da NWOBHM. O que temos aqui é a união de dois mundos, antes jamais vistos caminhando de mãos dadas e se dando hiper bem! “Lethe” é uma das minhas preferidas! Mais cadenciada e com riff que fixa muito fácil na memória, meio que se tornou obrigatória nos shows do quinteto.

Se “The Gallery” é ou não uma masterpiece, eu deixo esta decisão para você, caríssimo leitor. Particularmente, considero este álbum atemporal, muito a frente do seu tempo e que merece ser respeitado, por quem aprecia a cultura underground mundo a fora. Depois deste, vieram uma enxurrada de bandas surfando na onda, sendo apenas a In Flames digna de ser lembrada por mim neste texto.

Formação:

Mikael Stanne (vocalista)
Fredrik Johansson (guitarrista)
Niklas Sundin (guitarrista)
Martin Henriksson (contrabaixista)
Anders Jivarp (baterista)

Tracklist:

01. Punish My Heaven
02. Silence, and the Firmament Withdrew
03. Edenspring
04. The Dividing Line
05. The Gallery
06. The One Brooding Warning
07. Midway Through Infinity
08. Lethe
09. The Emptiness from Which I Fed
10. Mine is the Grandeur…
11. …of Melancholy Burning