Iron Maiden – Senjutsu
Postado em 03/09/2021


Artista: Iron Maiden
País: Inglaterra
Álbum: Senjutsu
Gravadora: Parlophone
Licenciamento: Parlophone
Versão: Compact Disc
Ano de Lançamento: 2021

Desde “A Matter of Life and Death” (2006) que o IRON MAIDEN veio se enveredando por um caminho ousado e, principalmente, arriscado. O lado mais objetivo da banda foi deixado de lado, para dar lugar para composições enormes, que muitos nomeiam como “épicas”, abusando de repetições de bases e riffs. Tudo isso soa maçante demais para mim, ainda que, o meu coração de fã reconheça que a Donzela de Ferro sempre será imprescindível, para a manutenção do que conhecemos como Heavy Metal enquanto movimento cultural.

“Senjutsu” é o quarto álbum que segue esta roupagem mais progressiva, e traz todos os elementos pejorativos que você possa imaginar. Mas, o que de fato me incomoda bastante, é a duração da maioria das faixas. Por exemplo, peguemos “Hell on Earth” e os seus mais de onze minutos, para ilustrar o meu ponto. A canção começa com uma introdução interminável de mais de dois minutos, conduzida pelo baixo de Steve e um teclado ao fundo, que não agrega em absolutamente nada à proposta apresentada na sequência. E olhe que mencionei uma das principais faixas do material.

Sim, eu tenho que admitir que sou chato e, até de certa forma, intransigente quanto ao direcionamento musical que o Maiden resolveu seguir de 2006 pra cá. As fases dos anos oitenta e noventa iam mais direto ao ponto, sem firulas, sem enxertos ou pseudo complexidades descartáveis. Essa crítica ganha ainda mais peso, quando analisamos o perfil dos fãs que estão chegando para a cena, depois da implantação dos streamings no mercado. Ou você acha que um moleque de quinze anos, tem paciência para se sentar e ouvir um álbum que tenha mais de oitenta minutos de conteúdo?!

Está certo que o IRON MAIDEN já chegou em uma fase da carreira que não precisa se provar, e que apenas faz o que gosta sem se preocupar com a sua sustentabilidade financeira. Ainda assim, não tem como escutar “Senjutsu” e não sentir saudades de álbuns como “Powerslave” (1984), “Somewhere in Time” (1986) e “Seventh Son of a Seventh Son” (1988). Eu realmente prefiro ouvir um LP repetidas vezes, do que lutar para chegar ao final de uma única audição. Não me considero um cara fechado ao novo, mas aqui estamos falando do IRON MAIDEN!

Este “Senjutsu” foi registrado na França em 2019, no renomado Guillaume Tell Studio, sob a condução sempre atenta de Steve Harris, como de costume. A bolachinha ainda chegou à importante terceira posição na Billboard 200, demonstrando que a marca ainda continua muito forte e influente junto aos seus fãs mais ardorosos. Ainda assim, acredito ser um enorme desafio sairmos pincelando o que de fato é indispensável nesta obra. O que é uma pena, porque em se tratando destes caras, eu sempre busquei uma experiência mais leve, mesmo em momentos de desatenção.

A música de trabalho do play se chama “The Writing on the Wall” e ela traz uma introdução ao violão, que poderia ser a trilha sonora perfeita dos antigos filmes italianos de Western. Após os seus mais de seis minutos, reconheci os elementos que sempre fizeram parte da história da banda nela, contudo, sem o mesmo vigor e brilhantismo de outrora. O refrão até empolga, mas acredito que mais pelo timbre inigualável de Bruce Dickinson, do que pela própria construção em si. Uma pena, mas nem mesmo com um videoclipe animado e bem executado a impulsionando, conseguiu tocar a minha alma.

A faixa título inicia o full lenght, com uma condução bem arrastada e com a bateria de Nicko McBrain tentando emular tambores de guerra. Através dela já é possível termos uma ideia da conotação que seria abordada nas outras nove faixas. “Stratego” me agradou mais, justamente por ser mais concisa e não ficar com enrolações para passar a sua mensagem. Outro destaque vai para “Death of the Celts” com as já famosas dobradinhas dos guitarristas Dave Murray e Adrian Smith. Foi justamente nela, que o sexteto conseguiu arrancar um sorriso do meu rosto, por reacender um muito bem vindo sentimento nostálgico.

O IRON MAIDEN sempre será uma das bandas da minha vida, por ter ajudado a esculpir este velho headbanger. Se pareço ser intransigente, é porque sempre fui habituado a cultuar o grupo, disco após disco, com audições simplificadas, diretas e de fácil assimilação. Infelizmente tais pontos passam longe de “Senjutsu”, tornando-o assim um título mediano em sua discografia.

Formação:

Steve Harris (baixista)
Bruce Dickinson (vocalista)
Dave Murray (guitarrista)
Adrian Smith (guitarrista)
Janick Gers (guitarrista
Nicko McBrain (baterista)

Tracklist:

01. Senjutsu
02. Stratego
03. The Writing on the Wall
04. Lost in a Lost World
05. Days of Future Past
06. The Time Machine
07. Darkest Hour
08. Death of the Celts
09. The Parchment
10. Hell on Earth

 
Categoria/Category: Reviews
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