Artista: Vários
Evento: Fortaleza Extreme Festival
Cidade/Estado/País: Fortaleza – Brasil
Local: Ophera Music Bar
Data: 10 de Abril
Ano: 2025
Produtora: M2F Produções
Agora é oficial! Pelo segundo ano consecutivo estivemos presentes no Fortaleza Extreme Festival, que acabou de se tornar um roteiro obrigatório para a nossa equipe da The Ghost Writer Magazine. Diferente do ano passado, que contou com apenas um dia e que recebeu os headliners Master e Krisiun, a edição 2025 confirmou três dias de atividades e um line-up mais variado.
Nós optamos por acompanhar a primeira data, dez de abril, quando ocorreram as participações dos norte-americanos do Suffocation, além dos suíços do Samael. Este último, é importante mencionar, que preparou um set especial executando o clássico “Ceremony of Opposites” (1994) na íntegra, celebrando o seu aniversário de trinta anos.
O evento ocorreu no Ophera Music Bar, que tem espaço para acomodar cerca de quinhentas pessoas. Particularmente, para shows de cunho underground, gostei bastante das dependências. O local possui uma área coberta bem ventilada, além de um setor a céu aberto o qual alocou uma lanchonete e algumas mesas de merchandising. Tudo muito organizado e que nos permitiu apreciar os artistas, sem qualquer tipo de entrevero ou transtorno.
Apenas para que o leitor se situe, nos outros dias do Fortaleza Extreme Festival foram escalados, como atrações principais, os músicos Dave Evans (ex-AC/DC) e Bruno Sutter (Massacration) na sexta (11), juntamente com Ratos de Porão e Facada no sábado (12). No dia 10, ao lado do Suffocation e Samael, ainda contamos com as cearenses Prion DC e Necrofilosophy. Infelizmente não conseguimos conferir os shows das representantes locais, por conta de compromissos que a equipe priorizou na cidade.
Quando chegamos ao Ophera Music Bar a Necrofilosophy estava finalizando sua performance, calcada no seu debut “Contemplations of the Seven Philosophical Foundations” (2022). Em outras duas oportunidades, estive presente em aparições da Necrofilosophy e posso atestar que esses caras agradam em cheio com o seu Death Metal. Caso não conheça o trabalho destes brasileiros e goste do estilo, pode conferir sem medo de decepções.
Após o Necrofilosophy sair de cena, fui socializar e gastar alguns bons reais em discos e camisetas. Foi durante este processo que tive a oportunidade de conversar com o simpático baixista do Suffocation, Derek Boyer, e rememorar antigas histórias do submundo com o guitarrista e vocalista da Anno Zero, Fyb Carv (ex-Monasterium), e o experiente baixista da S.O.H. George Frizzo (ex-Insanity, ex-Rotten Corpse). Costumo aproveitar muito os intervalos entre os shows e, neste caso, não foi diferente.
O público, que ficou entre duzentos e trinta e duzentos e cinquenta pagantes, começou a se concentrar em frente ao palco, quando os primeiros momentos da introdução do Suffocation ecoaram nos PAs. Confesso que eu estava muito ansioso, já que seria o meu primeiro contato in loco, com uma das bandas que mais me influenciaram para consumir e amar o Death Metal. Muitos foram os que já estavam berrando em plenos pulmões, quando Ricky Myers, Charlie Errigo, Terrance Hobbs, Derek Boyer e Eric Morotti entraram em cena.
“Hymns from the Apocrypha”, lançado em 2023, é o álbum da vez e foi natural ver algumas faixas dele presentes no set. “Perpetual Deception”, “Dim Veil of Obscurity”, “Seraphim Enslavement” e “Descendants” foram as mais recentes e se mostraram eficientes, quando mescladas com clássicas como “Pierced from Within” e “Liege of Inveracity”. Incrível foi ver a reação dos presentes, agitando, gritando e respondendo aos comandos do vocalista Ricky Myers, sempre que acionados. Contagiante.
Antes de “Elfigy of the Forgotten” um roadie subiu no palco com um bolo de aniversário, para que todos comemorassem com o baterista Eric Morotti, que estava completando mais um ciclo de vida na ocasião. Engraçado foi poder presenciar Ricky cantando “Happy Birthday”, com o seu grotesco vocal gutural, enquanto a plateia se divertia batendo palmas e gargalhando junto com o cara. Um momento despojado, divertido e que trouxe um pouco de leveza durante o caos apresentado pelo quinteto.
O Suffocation procurou nos trazer uma lista de composições democrática, e que passou a limpo boa parte da sua carreira. Obviamente que, como aqui trata-se de uma formação antiga e de muitos álbuns lançados, acabei sentindo falta de mais material dos anos noventa, que não foi incluso por limitações de tempo. Contudo, entendo que o foco precisava ser “Hymns from the Apocrypha” que, por sinal, é um excelente álbum de Death Metal. Ou seja, no geral, mesmo com algumas ausências, acredito que tudo aqui foi bem montado e pensado para agradar, tanto aos fãs da velha guarda quanto aos mais novatos.
Finalizada a participação dos estadunidenses, temi muito pela aceitação que o Samael teria, tendo em vista que a sua sonoridade é mais contemplativa do que violenta. Digo isso porque o direcionamento musical dos mestres Vorph (vocalista e guitarrista) e Xy (baterista, tecladista) mudou bastante e, mesmo com a confirmação do setlist voltado para homenagear “Ceremony of Opposites”, eu já estava imaginado que a “pegada” seria mais moderna, menos visceral. Dito e feito!
Com toda pompa de headliner, o quarteto entrou em cena causando uma euforia inicial que, logo na sequência, se tornaria em apatia e até uma certa timidez por parte dos bangers presentes. Vorph se comunicou sempre em português, o que acabou sendo algo louvável e que demonstrou interesse do músico em se conectar de imediato com a sua audiência. Partindo daí, o que eu imaginava acabou acontecendo, quando percebi que todos estavam mais se preocupando em assistir ao espetáculo, do que em participarem efetivamente como ocorreu com o Suffocation.
O Samael dividiu o setlist em duas partes, sendo a primeira composta pelas dez faixas do disco celebrado, já a segunda com músicas de algumas fases da sua carreira, como “Rain”, “Slavocracy”, “Until the Chaos” e “Black Supremacy”. “Rain” de “Passage” (1996) e “Black Supremacy” de “Hegemony” (2017) foram as inserções que mais gostei, principalmente a primeira, por fazer parte de um álbum que me marcou muito na época que foi lançado.
Algo que causou certa estranheza entre os fãs foi a performance de Xy. Já tem anos que o cara não usa uma bateria convencional, acredito que todos ali sabiam, contudo, poder assistir sua atuação presencialmente pode vir a frustrar os mais puristas e ortodoxos. Na verdade, enxergo o Xy mais como uma espécie de DJ do que como um baterista propriamente dito. Ele gesticula bastante, pula, agita os braços e, vez ou outra, parte para o kit “orgânico” de bateria. A mescla da sonoridade digital com a orgânica gera um resultado interessante, experimental e que foge muito do que é costumeiro. Nem todos entendem e, também, nem todos aceitam.
“My Saviour”, novamente de “Passage”, foi a última antes do Samael se despedir dos fãs cearenses. Naquele momento, infelizmente, parte do público já havia ido embora, talvez por não entender a proposta do grupo suíço. Outro ponto que não foi bacana é que Vorph e Xy estavam inacessíveis, impossibilitando, inclusive, que a nossa equipe trouxesse uma entrevista exclusiva. Uma pena! Ainda assim, a mescla de propostas trazida pelo Suffocation e Samael nos rendeu uma noite interessante, heterogênea e que nos fez lembrar o quão eclético pode ser o nosso amado Metal Extremo.
Suffocation Setlist:
01. Thrones of Blood
02. Seraphim Enslavement
03. Elfigy of the Forgotten
04. Dim Veil of Obscurity
05. Descendants
06. Pierced from Within
07. Funeral Inception
08. Catatonia
09. Clarity Through Deprivation
10. Perpetual Deception
11. Liege of Inveracity
12. Infecting the Crypts
Samael Setlist:
01. Black Trip
02. Celebration of the Fourth
03. Son of Earth
04. Till We Meet Again
05. Mask of the Red Death
06. Baphomet’s Throne
07. Flagellation
08. Crown
09. To Our Martyrs
10. Ceremony of Opposites
11. Rain
12. Slavocracy
13. Until the Chaos
14. Black Supremacy
15. My Saviour
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