Artista: Eternal Sacrifice
País: Brasil
Álbum: Offertorivm Altaris
Gravadora: Brazilian Ritual Records
Licenciamento: Brazilian Ritual Records
Versão: Compact Disc
Ano de Lançamento: 2025
O primeiro contato que tive com algum material da ETERNAL SACRIFICE foi no distante ano de 1996, quando ainda estava dando os meus primeiros passos na cena underground. Naquele período, a banda estava promovendo a sua primeira Demo Tape “The Magician Alcandro”, lançada em um circuito muito restrito. Vivíamos uma realidade a qual era dominada por grupos radicais, extremamente fechados, o que impossibilitava a chegada de curiosos e/ou entusiastas. Em virtude disso, apenas três anos mais tarde, pude conferir um show dos caras presencialmente.
Como mencionei no parágrafo anterior, minha história com a horda começou apenas em 1999, quando a mesma se abriu para alcançar um público maior, se aproximando de novos fãs e seguidores. Então, posso dizer que, de certa forma, acompanho a ETERNAL SACRIFICE desde o início da sua trajetória. E hoje, em pleno 2025, ter em mãos um novo lançamento do batalhador Magister Templi Lhorde Haadaas Naberius me enche de orgulho, atrelado a um enorme sentimento de satisfação.
“Offertorivm Altaris”, seu mais novo EP, traz cinco faixas, três delas inéditas e duas versões muito particulares para clássicas do Emperor e da conterrânea Headhunter D.C.. O material autoral foi registrado no Evil Live Studio, sob a condução do produtor e baterista Chemosh Persponne, enquanto que as duas homenagens foram eternizadas no SD Studio ao lado do produtor Grim Melin (Arkhôn Tôn Daimoniôn, Blessed in Fire, ex-Aborym) e, para quem gostou do resultado obtido em “Inclinavit Se Ante Altare Diabolvs Est Scriptor… Regere Sinister” (2023) vai aprovar “Offertorivm Altaris”, sem qualquer sombra de dúvidas.
As inéditas, que abrem o álbum, trazem a ETERNAL SACRIFICE desenvolvendo ainda mais o seu Black Metal, ao elevar o patamar de refinamento e polimento. Temos aqui composições complexas, longas como de costume e que carregam um bem vindo direcionamento estrutural, pautado na sua própria discografia. A faixa título, por exemplo, após uma breve introdução, transporta o ouvinte para o contexto ritualístico proposto pelo tema, atrelado a variações de andamentos, ora cadenciados ora rápidos com blast beats em profusão. Uma das melhores canções que ouvi do sexteto em muitos anos.
“Aihah Gibor Leohlam Satan…” se destaca por ser mais melodiosa, riquíssima no trabalho de cordas e com orquestrações que deram aquele toque neoclássico, bem corriqueiro nos trabalhos da ETERNAL SACRIFICE. Novamente a enorme variação de andamentos é o ponto central, para que nada aqui soe cansativo. Ou seja, pode esperar por momentos de pancadaria desenfreada, atrelados a uma pegada mais intimista inserida em passagens marcadas e, principalmente, cadenciadas.
A terceira, “The Mystic Eyes of Falcon-head Rá-Hoor-Khuít…”, é mais teatral e carrega o mesmo formato híbrido das duas anteriores. Todavia, nela pude notar algo a mais, talvez um pouco daquele clima vampírico dos primeiros álbuns do Cradle of Filth. Das três, essa foi a que mais me pegou pelos ouvidos, justamente por ser mais fácil de ser digerida. Mas por favor, nada aqui soa comercial! Longe disso, até! Na verdade, acredito que “The Mystic Eyes of Falcon-head Rá-Hoor-Khuít…” pode vir a se tornar o carro chefe desta nova fase dos baianos, justamente por ser mais acessível. Este é o meu ponto, ok?!
“Offertorivm Altaris” é encerrado com os já mencionados covers do Emperor e Headhunter D.C.. A qualidade de produção delas destoa um pouco das autorais, contudo, servem como uma espécie de plus para quem adquirir a versão física. “Into the Infinity of Thoughts” do Emperor ficou muito semelhante com relação a original, já “Contemplation (To the Fire)” do Headhunter D.C. ficou bem mais interessante, pela habilidade dos músicos em transpor uma música oriunda do Death Metal, para o seu Black Metal orquestral.
Para você que está na dúvida se “Offertorivm Altaris” seria uma espécie de caça-níquel, pode ficar tranquilo. Recebemos o CD da Brazilian Ritual Records e, com o produto em mãos, posso atestar que o fã do nosso Black Metal brasileiro tem o dever de apoiar e adquirir a obra. Todos os detalhes exalam o esmero dos envolvidos e, tais detalhes, apenas ressaltam aquele sentimento de orgulho que relatei aqui, nestas mal traçadas linhas.
Formação:
Magister Templi Lhorde Haadaas Naberius (vocalista)
Charles Lucxor Persponne (guitarrista)
Marquis Orias (guitarrista)
Frater Nigrvm Ayangá Ilasha (baixista)
Kastiphas (tecladista)
Chemosh Persponne (baterista)
Setlist:
01. Offertorivm Altaris – Sangvis Tvvs in Impeccabilem Ore Pvgionis Meae Flvet
02. Aihah Gibor Leohlam Satan (Of the Eleven Qliphotic Spheres, the Black Flames of the Abyss, the Wrathful Chaos)
03. The Mystic Eyes of Falcon-head Rá-Hoor-Khuít, the Crowned Conqueror of a New Age
04. Into the Infinity of Thoughts (Emperor cover)
05. Contemplation (To the Fire) (Headhunter D.C. cover)
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