Artista: Ensiferum
País: Finlândia
Álbum: Winter Storm
Gravadora: Metal Blade Records
Licenciamento: Heavy Metal Rock
Versão: Compact Disc
Ano de Lançamento: 2024
O ENSIFERUM vem da gélida Finlândia e, desde o lançamento do seu debut “Ensiferum” (2001), vem se consolidando como um dos principais nomes do Folk Metal no mundo. Ano após ano, turnês após turnês, o grupo vem mantendo uma discografia bastante consistente, que alcançou o seu ápice com “Thalassic” (2020). Todavia, com a chegada da pandemia de COVID-19, todo o seu cronograma de ações foi afetado.
Apenas em 2024, quatro anos depois do seu antecessor, “Winter Storm” foi lançado e veio cercado das melhores expectativas possíveis, tanto da sua atual gravadora Metal Blade Records, quanto dos seus fãs que esperavam ansiosos por um novo capítulo na saga do ENSIFERUM. Eu posso me considerar um desses fãs, pois sempre o acompanhei e também estava de certa forma me sentindo desamparado, por essa forçada quebra na constância dos seus lançamentos.
Markus Toivonen continua sendo o principal compositor da banda, tendo escrito quase que a totalidade de “Winter Storm”. E desta vez, o cara teve muito tempo para estruturar as canções, por estar confinado em estúdio aguardando a melhora do quadro crítico trazido pela pandemia. A única exceção atende pelo nome de “Fatherland”, escrita pelo baixista Sami Hinkka, e que por uma mera questão de gosto pessoal, foi a que mais me pegou em todo o material, diga-se.
As letras de “Winter Storm”, todas elas, se baseiam em um livro de fantasia que está sendo escrito por Markus Toivonen. Este trabalho literário ainda não foi lançado, mas baseado no que encontramos aqui, dá para se criar uma boa expectativa sobre ele. Só espero que seja distribuído e traduzido para diversas outras línguas, porque tentar lê-lo em suomi seria quase que o mesmo de tentar entender élfico, só assistindo aos filmes da franquia “Senhor dos Anéis”. Brincadeiras à parte, me senti envolvido pela narrativa e gostaria muito de saber mais a respeito.
O álbum foi produzido por Janne Joutsenniemi e a mixagem e masterização foram assinadas pelo renomado Jens Bogren. Confesso que Janne eu não conhecia, mas Jens Bogren já colocou as mãos em diversos trabalhos que se tornaram referência neste segmento, de bandas como Opeth, Dimmu Borgir, Sepultura, Arch Enemy, At The Gates, Katatonia e muitas outras. Só por essa pequena lista, já dá para sentir como o acabamento de “Winter Storm” é primoroso, soando pesado, cristalino e muito encorpado. Recomendo escutá-lo em um aparelho de som adequado ou em fones de alta precisão, para entender o nível de preciosismo e refinamento obtidos.
Uma excelente surpresa foi poder conferir a participação especial da cantora Madeleine Liljestam, da banda Eleine na belíssima “Scars in My Heart”, empregando para a faixa uma conotação medieval única. Impossível escutar essa canção e não lembrar da série de jogos “The Witcher” ou, talvez, imaginar que ela tenha sido escrita após uma minuciosa pesquisa na discografia do projeto Blackmore’s Night, de Ritchie Blackmore (ex-Rainbow, Deep Purple). Certamente, um dos destaques.
Outras participações que merecem menção na bolachinha são de Lassi Logrén, responsável por registrar o nyckelharpa (instrumento tradicional típico da Suécia) e o violino, além de Mikko Mustonen que programou todas as orquestrações. Mikko, em específico, foi o principal responsável por deixar “Winter Storm” com aquela cara e pompa de uma Metal Opera. Em determinados momentos, tudo aqui assume uma grandiosidade digna das principais trilhas sonoras, de longas metragens de fantasia. Incrível!
Ao compararmos “Winter Storm” com álbuns mais antigos da banda, percebe-se uma inclinação maior neste para o Power Metal, deixando o Folk para segundo plano. Isso pode vir a levar alguns fãs a torcerem o nariz, mas tenho que admitir que não é nada muito diferente do que apresentaram em “Thalassic”. Ou seja, se você gostou do último, não tem porque não vir a aprovar este produto de 2024. A linguagem é praticamente a mesma, com diferenças pouco perceptíveis para ouvintes menos atentos.
Esse lado Power Metal fica muito evidente em músicas como “Winter Storm Vigilantes” e na já citada “Fatherland”, enquanto que a faceta mais folclórica foi despejada nas ótimas “Scars in My Heart” e “The Howl”. Todas elas contando com alternâncias de vozes masculinas clean e screams, que acabaram por garantir uma riqueza ímpar para as composições. Acredito que este seja o aspecto mais favorável em “Winter Storm”, e que pode vir a agradar até quem não curta sonoridades mais pesadas. O peso está aqui, mas tudo envolto em camadas melódicas, que acabam por tornar o disco bastante acessível e palatável.
“From Order to Chaos” é o meu último destaque na obra, com seus mais de oito minutos de duração. Épica e a mais variada do material, nela o ENSIFERUM ousou mais, mesclando os andamentos e arranjos, tornando-a assim uma verdadeira viagem musical e que merece uma atenção extra. Nesta Markus Toivonen se superou, principalmente por inserir os mais importantes elementos que fazem a sua banda ser tão importante para este nicho do Metal.
“Winter Storm” é um álbum rico, extremamente variado e que tem tudo para agradar em cheio ao fã do quinteto, que estava esperando há muito por ele. Se não houve mudanças drásticas e imprevisibilidades, pelo menos Markus e seu time entregaram um álbum que mantém o alto patamar de qualidade dos seus predecessores. O cara jogou em terreno seguro, arriscou bem pouco, e neste caso conseguiu deixar todos satisfeitos, acredito!
Formação:
Markus Toivonen (vocalista, guitarrista, tecladista)
Sami Hinkka (vocalista, baixista, violonista)
Petri Lindroos (vocalista, guitarrista)
Janne Parviainen (baterista)
Pekka Montin (tecladista)
Tracklist:
01. Aurora
02. Winter Storm Vigilantes
03. Long Cold Winter of Sorrow and Strife
04. Fatherland
05. Scars in My Heart
06. Resistentia
07. The Howl
08. From Order to Chaos
09. Leniret Coram Tempestate
10. Victorious
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